15. Bomba? Não! A porra de um meteoro!
O barulho do salto alto ecoou pelo auditório. Toc. Toc. Foi como se Ling Shan estivesse pisando em seus corações com esse tipo de ação. A madeira ecoava como batidas de uma guerra, prestes a estourar o estopim e finalmente a primeira bomba descer sob a terra. Todas as suas entrevistas eram tensas e muito polêmicas, mas também traziam a aura demoníaca daquele cantor, que era muito opressora.
Os flashes dos obturadores começaram a disparar, um após o outro, trazendo aquela melodia insincera. Naquele momento, ele não parecia um cantor, mas um modelo que desfilava numa passarela. Mas, seu mau humor estampado diziam-lhe que isso era impossível. Modelos não eram tirânicos, ao contrário desse cantor.
Atrás dele, inesperadamente, outra criatura com ar de tirania se abateu. Por um segundo passou pela mente deles, como se fosse algo comum a todos: suas auras combinavam perfeitamente, não era incomum estarem juntos.
Eram apenas os dois ali, como havia sido combinado, sentados diante de quase cem pessoas. A segurança cobria toda a extensão a frente do palco. A atmosfera estava tensa, mas isso acalmou o coração de Ling Shan. Embora precisasse segurar a língua, não necessariamente precisava esconder sua natureza, que era naturalmente pendida para a maldade e malícia.
Assim, quando um sorriso brotava do seu rosto enquanto se sentava se formou, para a surpresa de todos presentes.
— Boa tarde, podem começar as perguntas.
Mas ninguém ousou abrir a boca. Demorou algum tempo antes que uma pessoa tomasse a frente, usando apenas palavras.
— Desde quando você é gay, Ling Shan?
Ele inclinou o corpo para frente, a fim de se aproximar do microfone.
— Desde o nascimento, na verdade… é engraçado perguntarem isso. Nunca escondi que eu era tão curvado como uma esfera. — respondeu bem humorado.
— Vocês estão juntos?
Num movimento rápido, todos olharam para trás, mas não encontraram a fonte da voz, e retornaram a posição inicial, aguardando uma resposta.
— Não. — ambos responderam, sucintos.
Cheng Yin deu uma olhada para Ling Shan, que permaneceu com seu olhar para o público.
— Então as fotografias, vídeos e conversas vazadas são falsas?
— Não, elas são reais. — Cheng Yin, contra sua vontade, admitiu a verdade.
Pelo choque, todos ainda mantiveram em silêncio, mas suas canetas e gravadores, câmeras e transmissões ao vivo estavam trabalhando. Todo o mundo estava com os olhares para os dois através das telas de celulares e computadores fosse por apoio ou somente para vê-lo cair de seu pedestal, a audiência congestionou sites da internet e sobrecarregou plataformas de transmissão ao vivo.
— Não há uma única mentira. — o cantor completou — Mas, como podem ver, não estamos nesse tipo de relacionamento mais.
Ainda continuava em silêncio. Trinta segundos, quarenta segundos… Uma mulher raivosa suspendeu sua voz.
— Seus desgraçados homos nojentos! Vocês não têm vergonha em assumir!? Cheng Yin é casado com sua irmã!
— Isso mesmo! Qual era sua intenção em atrair um homem casado!?
— A homossexualidade já é nojenta o suficiente, por que envolver sua família e até uma criança que nem nasceu ainda?
Outro e mais outro levantaram-se para agredi-los e num instante, tudo virou um caos. Os xingamentos vieram um por cima do outro, sobrepondo-se e trazendo memórias esquecidas e uma mesmo, até de Chun Hai.
— Meu pai descobriu sobre nós e me pediu para que ficasse longe… você sabe, ele está se candidatando para deputado. Não podemos arriscar nada. Lin Shan, desculpe não podemos ficar juntos mais. Eu te amo, mas não podemos continuar.
— Está dizendo isso porque aquela vadia te ameaçou?
Chun Hai ficou em silêncio. Ele baixou a cabeça, bastante chateado.
— Tudo bem. — ele riu — Nunca mais apareça em minha frente, já que não sou tão importante para você. “Família” é o mais importante. — ironizou. — Então se case com ela Senhor Chun! Tenha filhos e forme a porra de uma família feliz.
— Shan… não é assim! Tente entender meu lado! — o jovem que ainda cursava direito segurou o braço do outro.
— Eu me doei por você, você estava sendo meu porto seguro. A pessoa mais confiável que já esteve ao meu lado… — ele se soltou do aperto — eu estava errado em ter…
— Não sei o porquê estão tão bravos se quem foi exposto fomos nós. Quão hipócritas! — ele tomou a frente, calando a multidão. — Quem teve o corpo exposto, sua vida pessoal exposta não foram vocês. O fato de eu ser gay e o fato do Chefe Cheng ser bissexual não diz respeito a mídia, mas cá estamos falando sobre isso. Vocês estão se intrometendo em um local privado de nossas vidas.
Outra rodada de insultos surgiu. Ling Shan estava com raiva. Muita raiva. E não era apenas só ele, até mesmo o insultável Cheng Yin tinha uma expressão escura no rosto. Ele segurava firme a borda da mesa fazendo que a ponta dos seus dedos se tornassem brancos de tanta força que fazia. Sua respiração também estava irregular, até mesmo suas narinas estavam dilatadas.
Ling Shan tomou uma decisão por si só. Haviam lhe dado instruções para ser educado, ser paciente, ser gentil, mesmo que ouvisse qualquer tipo de merda ambulante que a mídia inferisse a eles. Mas, Lin Shan e Ling Shan nunca foram pessoas que seguiriam completamente as regras impostas e não suportariam ser humilhados dessa forma.
De repente, ele escutou algo que não deveria ser dito. O sangue em suas veias ferveu e numa ação aparentemente impulsiva, ele deu um tapa na mesa.
— Embora tenham me aconselhado para manter a calma, parece que não vou conseguir fazer isso. — falou baixinho e em seguida aumentou progressivamente seu tom de voz. — Xinguem o porco grande por suas ações, mas nunca suas famílias. Ling Ai… deixem ele fora disso. Ele é apenas uma criança e não tem culpa alguma pelas atitudes do irmão.
Sua fala afiada e sua expressão ainda mais escura foi capturada pelos jornalistas. Ele também não iria continuar ali, independente do que fosse acontecer. O cantor se levantou, girou os pés e saiu como entrou. O ecoar dos saltos da bota, se sobressaíram entre os flash’s dos fotógrafos.
O nome Ling Shan tinha um peso maior do que ele esperava. Ele respirou fundo e caminhou sem rumo entre os corredores da sua empresa. Não olhou para o rosto de ninguém, não deu atenção a ninguém. Ele orbitava, no mais próximo, na galáxia de Andrômeda, para reorganizar seus pensamentos.
Poderia perder a carreira se continuasse assim.
Ling Shan parou perto de um bebedouro de água. A boca estava seca, seu corpo pedia água e assim que ele se escorou na parede, um súbito enjoo agravado pela tontura o apunhalou. Ele arfou sentindo seu peito se apertar e colocou a mão sobre o peito, apertando o tecido da camisa de linho escura.
“Não devia ter esquecido os remédios.”
As costas contra a parede começaram a se molhar e ele mordeu os lábios.
“Maldição!”
Com as mãos trêmulas, ele puxou um copo e, com ansiedade ele viu a água cair no copo. Pareceu ter passado tanto tempo até que a água gelada escorresse pela garganta. A sensação gélida o trouxe um resquício para a luz e seu corpo relaxou parcialmente, deslizando as costas na parede e sentou-se no chão.
Ling Shan fechou os olhos, assim como as mãos em punho, contendo aquela vontade de sair dali e ir direto para um dos locais que o antigo proprietário iria para aliviar esse desejo. E também tentava dominar o desejo considerável de perder a razão e destruir tudo. O corredor branco lhe trouxe lembranças que o levaram para o passado. A mansão, a escadaria, o quarto principal, o banheiro.
A ânsia de vômito emergiu ainda mais poderosa e seu corpo tremia pelo medo.
A vida era verdadeiramente assim, não importa o quão rico você seja, no final, nos piores momentos, apenas sua força de vontade prevalecerá. Ele não sabia se ria ou chorava.
E naquele momento, ele não tinha alguma. Ele revirou o bolso e começou a fumar. Cigarro por cigarro, lágrima por lágrima, até que finalmente se acalmasse.
♫
Uma lixeira foi chutada para longe. A mulher no canto da sala, com a maquiagem borrada, mantinha o choro baixo. Ling Meili nunca havia visto o marido com tanta raiva, mas estava tão chateada.
Cheng Yin, embora com todos os defeitos e suas amantes, ela tinha um sentimento profundo por esse homem. Antes, quando todos os homens caíam aos seus pés e imploravam por sua atenção, Meili não os achava interessante. Mesmo depois que seu pai arrumou vários encontros às cegas para ela, com homens muito mais poderosos e ricos, ainda não havia interesse por sua parte.
Felizmente, ela conheceu Cheng Yin. Seus olhos brilharam desde o primeiro momento e assim como seu irmão, foi fodida por ele até a exaustão no primeiro encontro e desde então, ela o perseguiu até que se casasse com ela. Sua mãe havia lhe dado bons conselhos e uns dois meses antes, seguindo um desses conselhos, havia furado o preservativo.
Ela não era ingênua para não saber que seu marido tinha um caso com o irmão. Na verdade, ela tentava, sempre os afastar. Sempre buscava atenção de seu marido.
Isso não era errado, certo? Ela deveria ser a mais importante! Cheng Yin foi o primeiro a amá-la e cuidar dela, além de sua mãe. Se não fosse por Ling Shan…
— Vocês dois deveriam ter tomado cuidado… — ela falou, com um primeiro e último resquício de coragem.
— Fique quieta Mei Mei! isso não é seu assunto!
Ela inflou as bochechas, parecendo um baiacu fofo e nada espinhento.
— Você é meu marido! Se envolve o marido, envolve a esposa! Não foi por isso que casamos? — ela aumentou seu tom, com uma expressão um tanto decepcionada quanto chateada.
Se Cheng Yin estava bastante farto com Ling Shan, com Ling Meili não era diferente. Ela era uma pessoa insuportável e mimada, sua voz era estupidamente chata e aquele olhar açucarado que sempre estava sobre ele o irritava profundamente. Só se casou com ela porque o nome da sua família era um grande negócio e não havia como se casar com um homem. Tudo havia um limite. Liberar seus desejos era uma coisa, entrar em um relacionamento… uma piada!
Mas, nos últimos meses, sua tendência para Ling Shan estava crescendo. Ele realmente preferiria ter se casado com Ling Shan! Sua esposa era apenas uma marionete nas mãos daquela bruxa velha que queria espioná-lo e espionar seu primogênito.
Embora, ainda que, sua atenção voltasse para Ling Shan, estar do lado dessa estrela era ainda pior. Detestava profundamente suas atitudes e o apego emocional que existia por parte dele, mas por algum motivo desconhecido, não gostava de deixá-lo longe, fora de sua vista. Não entendia o porquê d isso.
Na verdade, ele estava mais chateado por Ling Shan ter acabado o relacionamento deles do que ter sido exposto. Seu peito doía e, por isso, estava com muita raiva.
— Ling Meili. — ele pronunciou pausadamente o nome da esposa. — Por que você acha que me casei com você? — um tom sugestivo cobriu seus lábios, que curvaram num sorriso.
— A-Cheng! O que você está dizendo?
— O que você acha?
O casal se encarou. A mulher, prestes a chorar, precisou engolir o choro quando a porta da sala se abriu.
— Chefe Cheng. — era o agente laranja cujo nome foi esquecido há muito tempo. — Estou interrompendo algo?
— Apenas diga. O que foi?
O agente laranja entrou na sala com cuidado, pois viu que realmente havia atrapalhado a discussão do casal, além de ver a sala toda destruída.
— Recebi uma carta do departamento de RH. Por que estão me demitindo? — ele parecia indignado. — Você disse que me contrataria e não precisaria trabalhar? Por que estão me demitindo agora?
— Eu não sou seu chefe, mas sim aquele acima de mim. — respondeu ríspido. — Se deseja reclamar, faça isso com ele. Porra, me deixa em paz! Nesse momento sugiro que fique quieto para não sobrar algo para você, garoto!
— Seu…! — o agente apontou seu dedo para o louro e gritou: — Eu sei de muita merda que vocês já fizeram! Se me demitirem, vou contar para todo mundo!
Nesse ponto, eles já estavam próximos o suficiente para encostarem o braço um no outro. Um tapa estalou na bochecha do pequeno agente.
— Tente fazer alguma merda e farei você, junto com sua família se perderem! Aguente por algum tempo e encontrarei algo para você!
— Dê-me alguma garantia! Você sabe como será difícil para mim! — insistiu.
Cheng Yin deu um riso irônico.
— Você ainda fala humano, seu merdinha? Não escutou uma palavra do que eu lhe disse!? — sua voz se elevou ainda mais.
A agitação começou a chamar atenção daqueles que passavam ali por perto, mas todos pareciam estar acostumados. Porém, para a infelicidade de alguns, uma pessoa ajeitou seu óculos e foi até a porta da sala, deixando que apenas sua cabeça se mostrasse um pouco para frente.
— CHENG GE VOCÊ NÃO É CONFIÁVEL! VOCÊ PROMETEU QUE SE EU DORMISSE COM VOCÊ ALGUMAS VEZES, EU CONSEGUIRIA SUBIR NA MINHA CARREIRA DE ATOR!
O pequeno agente laranja tentou socar o peito de homem louro, mas foi parado assim que suas mãos chegassem ao seu destino final. O aperto do empresário foi forte o suficiente para deixar o jovem rapaz grunhindo de dor.
— Você confia muito no que acontece nessa indústria… — ainda com a malícia escorrendo pelos seus lábios, continuou: — Você terá o que deseja… eventualmente… mas aguarde o momento certo, pirralho.
—NÃO! CUMPRA AGORA!
A pessoa escondida na porta, posicionou seu óculos com mais precisão e quase soltou um assovio de surpresa. Rumores sempre espalham num local sujo, mas isso era simplesmente tão chocante quanto bombardeios! Ele ficaria rico se vendesse isso para as pessoas certas!!
— CUMPRA OU AMANHÃ ESTARÁ EM TODOS OS TABLOIDES E SITES DE FOFOCA QUE FOI VOCÊ QUEM DROGAVA LING SHAN QUANDO ELE ESTAVA SÓBRIO E VENDIA O CORPO DELE PARA AQUELES VELHOS INÚTEIS!
Ling Meili no canto da sala que segurava as lágrimas, começou a hiperventilar. Tudo era tão chocante, muita informação para sua cabeçinha de vento e muito inocente de vinte e poucos anos.
Isso pareceu a gota d’água para o louro. Ele soltou o pequeno agente e desferiu-lhe um tapa no rosto, que caiu no chão, sentado, usando os braços, para se impedir de esbugalhar-se no chão.
Cheng Yin travou o maxilar com força e disse entre dentes:
— Nunca mais repita essa calúnia sua putinha. — sua expressão era de puro nojo e ele deu dois passos para frente, ficando bem próximo ao seu adversário. — Não ouse abrir essa sua boca maldita para falar coisas inúteis. Mesmo que você saiba de alguma coisa, mesmo que fale alguma coisa, você falhará…
Uma bomba!? Não, não, não! É a porra de um meteoro! É a porra de um meteoro! É a porra de um meteoro! Coisas importantes precisam ser ditas três vezes!!
O papparazi escondido conteve sua excitação ao presenciar esse furo chocante! Ele cobriu a boca, para esconder seu gritinho de felicidade.
—… sem um patrocinador ou alguém que lhe apoie, suas palavras serão levadas ao vento. Então pare de se engrandecer e falar bobagens. Vou perdoá-lo dessa vez. — afrouxou a gravata e se agachou — Vá para casa, tome um banho e relaxe. Em alguns dias entrarei em contato com você.
Um barulho foi ouvido no canto da sala. Um corpo desmaiado caiu no chão. Uma mulher, transpirando e com a maquiagem borrada tinha seus cabelos e membros espalhados aleatoriamente pelo chão e até mesmo sua saia havia subido a ponto de ser visto suas roupas íntimas.
— Porra! Ainda tem essa vadia! — ele praguejou com raiva.
Do lado de fora, o papparazi foi surpreendido por uma mão, que, por trás, cobriu sua boca e o puxou, sem que pudesse resistir. Alguma coisa gélida foi colocado em sua coluna, ele adivinhou que fosse uma arma então seguiu obedientemente.
Um par de olhos verdes, brilhantes, foram vistos na escuridão quando foi jogado no banco de trás de um lindo porsche escuro de vidros fumê. Seu sorriso era ainda pior do que a atitude de Cheng Yin, há poucos minutos.