17. Uma promessa para o futuro
A Dark Mansion estava cheia. Devido a sua localização mais afastada da cidade H, a música alta não era um problema para os vizinhos, logo que a mansão ficava no topo de uma montanha. E mesmo que os vizinhos reclamassem, desde que não ligassem para a polícia, tudo iria ficar bem. Para sua sorte, ao menos isso, não teve problemas durante a noite.
Os convidados já estavam chegando e, como um péssimo anfitrião, o sorriso falso estava estampado em seu rosto mesmo antes de chegarem. Sua cabeça latejava quando via cada pessoa entrar em sua casa. Se fosse contar, mal conhecia a minoria daquelas pessoas e só os conhecia porque tais pessoas eram famosas em sua vida anterior.
Ou seja, ele estava com um grande problema caso viessem falar com ele.
Além disso, era trabalhoso ir cumprimentar as pessoas, conversar com elas, ser sociável, tirar fotos… ele tinha que mudar um pouco a imagem desse grande filho da puta!
Às onze da noite, ele já não estava esperando mais alguém, mas o Chefe Zhuo não havia aparecido ainda. Dito isso, seu humor estava um pouco para baixo pois realmente precisava daquele abraço.
Vez ou outra, quando conversava com alguém, olhava sutilmente para a entrada ou buscava na multidão seu rosto, mas não havia nada para ele. Conformado, ele bebeu um gole de champanhe — o que ia contra todas as suas recomendações médicas — e foi fazer o show de abertura.
Oh, falando nisso, a sua fantasia era bem simples, ele se vestia de havaiano. Foi uma jogada de última hora pois a opção anterior era a Mulher Gato. Uma roupa de elastano e couro, marcando todas as suas curvas não era o que ele desejava. Nesse momento, ele precisava de conforto e o que melhor que uma camisa florida e um short branco e chinelos de dedo? Hoje também estava com o cabelo solto e com uma maquiagem básica, somente para esconder as enormes olheiras em seu rosto. O que também era estranho vê-lo com uma cor que não seja preto ou alguma cor escura. Sua aparência se tornou mais refrescante e menos pesada.
Ele deu um grande sorriso ao subir o pequeno palco montado não muito longe da grande piscina, nos jardins dos fundos da casa. Ali perto também havia uma quadra de tênis e um grande barranco enorme, com um paredão para praticar rapel quando era impossível fazer uma viagem à natureza. Havia também algumas quadras de esportes espalhadas pelo terreno.
Ele não cumprimentou ninguém, já havia visto todos, cumprimentado a todos, agradecido a todos. Ele apenas começou o que deveria ser feito e o que fazia de melhor.
Iniciou com uma música mais calma, com um apego emocional forte, de um cantor britânico. Para ele, era um pouco difícil pronunciar o nome, mas certamente ele era fã de Harry Styles porque, assim como ele prezava pela autenticidade e liberdade.
“Estou na minha cama
E você não está aqui
E não há ninguém para culpar além da bebida em minhas mãos inquietas
Esqueça o que eu falei
Não era o que eu queria dizer
E não posso retirar o que disse, não posso desfazer a mala que você deixou”
E particularmente, era uma música que se relacionava bastante com o o estado atual que vivia. Ele estava diante de uma situação ruim, sempre estava pensando sobre o passado do original e o seu próprio, raciocinando sobre o que poderia fazer com isso, mas não estava triste por completo, havia algumas coisas que lhes trouxeram felicidade. No entanto, haviam mais perdas do que ganhos.
“O que eu sou agora? O que eu sou agora?
E se eu for alguém que não quero por perto?
Estou caindo de novo, estou caindo de novo, estou caindo
E se eu estiver disposto? E se eu desistir?
E se eu for alguém de quem você não falará?
Estou caindo de novo, estou caindo de novo, estou caindo”
Mas essa canção, acima de tudo, era uma canção de que falava do amor perdido. De um certo arrependimento por tudo ter acabado, do medo e inseguranças relacionadas a pessoa amada e do querer retornar à estaca zero e recomeçar com ela.
“E eu tenho a sensação de que você nunca mais precisará de mim novamente”
Bem, isso era impossível para os dois. Ling Shan não mais queria Cheng Yin e ele… havia perdido seu grande amor no passado. Nunca conseguiu esquecê-lo e esquecer da sensação inexplicável em ver seu cadáver estirado no asfalto. Vez ou outra, ainda sonhava com esse dia.
“E se eu estiver disposto? E se eu desistir?
E se eu for alguém de quem você não falará?
Estou caindo de novo, estou caindo de novo, estou caindo”
E o melhor de tudo isso era que enquanto cantava, os convidados também o acompanhavam na melodia. Ling Shan fechou os olhos, com um sorriso que veio naturalmente e quando os abriu novamente, inesperadamente, encontrou um certo dragão de olhos verdes, trajado como um militar. Não parecia ser algo fora do contexto para ele, mas estava especialmente agradável aos olhos.
E assim que finalizou Falling, emendou noutra música e dessa música, em outra e em outra.
Essa apresentação foi rápida, vinte minutos eram o suficiente e após se despedir, o DJ contratado já iniciou sua função. Muitas pessoas cujo nome havia desaparecido da sua cabeça vieram cumprimentá-lo e parabenizá-lo.
Todos cumprimentos falsos que poderiam ser descobertos ao longe. Ele apenas os aceitou e foi em direção ao bar, pedir um coquetel sem álcool. Já havia libertado sua cota de álcool pelo dia apenas com aquela taça de champanhe.
Ling Shan não era bom com festas, não sabia como interagir com as pessoas e detestava ser rodeado por multidões, então precisou achar um canto para ele. Ele se jogou num sofá com o coquetel em mãos e logo, uma quantidade considerável de, principalmente, corpos masculinos quentes se aproximou dele.
Era uma situação desconfortável e suas intenções eram óbvias quando tocavam seu corpo descaradamente. A princípio, ele pensou em suportar isso, mas desistiu dessa ideia quando tentaram encontrar a coisa entre suas pernas.
Um desses homens, também era uma pessoa importante desse ramo da indústria. Senhor Xiao Peng.
Um homem cujo tinha se prendido às coxas douradas de Cheng Yin e que cairia facilmente junto à ele caso tudo o que fizeram tonasse de conhecimento público. Ele era um velhote de cinquenta anos muito bem conservado e se passaria facilmente por um homem de seus recém completos quarenta anos.
— Senhor Xiao, o que está fazendo? — mantinha um sorriso, mas suas palavras se tornaram uma faca afiada e o corte passando por sua garganta.
Xiao Peng sorriu parcialmente amargurado. Ele nunca tinha visto esse sorriso desagradável em Ling Shan. De todas as vezes que dormiram juntos, nem quando fazia isso por Cheng Yin tinha o visto assim.
— Tire suas mãos nojentas ou vou jogá-lo na piscina. — ele pegou a força a mão desse velhote e colocou na própria perna dele — Na sua idade, é perigoso ter um resfriado, quem sabe se pode evoluir para uma pneumonia?
Xiao Peng quase se engasgou. Que brutal! Mas, não desgostava disso.
— Apenas continuando o que não conseguimos da última vez, você não quer?
Ling Shan deu uma risada irônica e se aproximou de Xiao Peng, falando em seu ouvido.
— Se você quer uma puta, vá ao distrito. — ele se levantou, precisava de encontrar ar fresco — Vai conseguir encontrar muitas delas.
Infelizmente, assim que deu as costas, sentiu-se ser apertado em sua parte traseira. As pessoas levantaram a voz, exaltando a inescrupulosa atitude assediadora. Ele respirou fundo, isso não estava acontecendo, certo? Não poderia estar acontecendo, certo?
Ling Shan se virou com um sorriso puro.
— Senhor Xiao, poderia se levantar, por gentileza?
Se Donnah estivesse presente ali, certamente ela saberia que aquele sorriso era o típico: estou-indo-aprontar. Ele puxou o Xiao Peng pelo colarinho da blusa, deixando-o próximo o suficiente para iludi-lo que iria beijá-lo. As pessoas em torno, pararam tudo que estavam fazendo para observá-los.
O Xiao Peng engoliu a seco e seu coração acelerou consideravelmente, ansioso pelo que poderia se seguir. Veja bem, essa criança era capaz de deixá-lo louco e não era incomum ele já ter reagido ao mínimo toque dele.
Ling Shan também havia notado isso. Homem estúpido.
De repente, com a força que ele tinha nos braços, empurrou o homem para trás. O barulho desse corpo caindo na água acordou todos que os olhavam.
O cantor se abaixou à beira da piscina, quando o homem emergiu da água e falou de modo que apenas ele pudesse ouvir.
— Se o velhote, pegar uma pneumonia, posso pagar pelo tratamento. Assim não lhe devo nada, você foi um bom aquecedor de cama, meu senhor.
Isso realmente era verdade. Bem, era verdade que Cheng Yin fazia o original se deitar com outras pessoas para conseguir um contrato, e quando não queria, Cheng Yin o drogava para fazer isso obedientemente.
Todos aqueles rostos, aqueles toques nojentos contribuíram para a ruína de Ling Shan. Ele se tornava uma besta louca por sexo quando o afrodisíaco atingia seu auge. A humilhação e o desespero que sentia após essas sessões era um de seus gatilhos para o uso de drogas, principalmente a cocaína e a metanfetamina. Apenas lembrar-se disso, o deixava ansioso. Queria vomitar.
Longe de defendê-lo, mas esse Xiao Feng, de todos os males, era o melhor deles, pois pelo menos tratava esse corpo como um ser humano e não somente, como um objeto e depósito de porra. Ele fazia o mínimo, não havia hipótese em agradecê-lo e nem fazia sentido isso. Por ele, que todos se fodessem na cadeia.
Zhuo Yang.
Aquele belo par de pernas e abdômen definido estava de perfil. Essa farda militar combinava tanto com ele… na verdade, roupas formais ficavam muito bem nele. Provavelmente, até mesmo um fraque fluorescente ficaria bem nele. Quer dizer, Ling Shan achava que ele poderia ficar bonito até vestido com o pior trapo existente e ele tornaria aquela roupa, apenas… exótica?
Deveria ir até ele ou isso traria mais algum prejuízo à sua imagem?
— A-Shan!
Alguém o abraçou por trás, pulando em suas costas. Embora a música alta, pela voz, ele reconheceu o coala.
— A-Ru! — seu bom humor melhorou imediatamente.
Um amigo. O único amigo de Ling Shan, alguém que não podia perder.
Ele o recebeu com um grande sorriso e lhe deu um grande abraço, o que deixou Zhou Ru muito surpreso. Nunca recebeu algo tão carinhoso vindo do seu amigo.
— Você deve estar mal mesmo para me dar um abraço. — soltando uma brincadeira, ele se afastou. — Você está horrível, mas parece muito bem.
Zhou Ru estava com uma roupa de cozinheiro, mais especificamente a roupa do namorado. Matteo, em seus momentos vagos, era dono de uma rede de restaurantes de massas e, além do chefe cozinheiro, era ele o responsável pela maior parte dos prêmios que ocasionaram as sete estrelas do restaurante.
— Poderia estar pior, você sabe. — sorriu e rapidamente desviou do assunto — Quando chegou?
Enquanto falava, olhou rapidamente para a direção onde Zhuo Yang estava. Ficou surpreso quando descobriu que, ao mesmo instante, o mais velho também tinha seus olhos nele.
— Há meia hora, não queria incomodá-lo. Você cantava tão bem… Matteo queria vir, mas a pequena Maria estava com tanto sono. Ela queria tanto te ver. — Zhou Ru puxou Ling Shan para o bar. — Como estou aqui, vou beber até morrer! Cuide de mim, amigo!
Assim que se sentaram, Zhou Ru pediu um drink com os piores ingredientes possíveis. Ling Shan olhou com medo para a pimenta inteira que foi colocada junto com a mistura infernal. Nem o original era capaz de tomar isso e ficar de pé.
— Quer experimentar? — ofereceu com um sorriso inocente no rosto.
— Eu agradeço, mas é só você quem aguenta tomar um desses. — chamou o garçom. — Traga-me outro sem álcool, por favor.
— Não está tomando? — se referiu ao álcool.
— Doutor Qiang me proibiu. — ele pegou a taça colorida — Ele me assustou quando disse que eu poderia morrer de verdade.
A expressão no rosto de Zhou Ru era a mais óbvia possível: Por que ele não disse isso antes? E virou todo o coquetel na garganta.
— Isso é tão bom! — ele gemeu enquanto falava.
— Você sabe que pode morrer por ingerir pimenta?
— E você, por beber álcool. — arqueou a sobrancelha direita — Ao menos a pimenta me mataria rápido.
Ling Shan: “…”
De repente, o ponto que estava em seu ouvido, recebeu alguma utilidade.
[Chefe, o diretor Cheng e sua esposa estão aqui fora fazendo um escândalo]
— Se eles entrarem, todos terão dedução do salário. — ele falou firmemente e desligou a ligação.
Zhou Ru o encarou questionando o que havia acontecido.
— Ignorando a família. — não desejava mais problemas.
Ling Shan teve sua atenção tomada novamente. Zhou Ru, percebendo o desvio, também direcionou o par de olhos escuros para aquela direção. Ao notar a pessoa a qual seu amigo encarava e que o olhou de volta, deu um longo suspiro.
— Como foi que vocês dois se aproximaram?
— O quê? — ele tirou um cigarro do bolso e acendeu.
— Chefe Zhuo Yang e você. — ele falou de maneira respeitosa.
Ling Shan riu e deu uma tragada no cigarro, soltando um anel de fumaça.
— As rodas da mala se quebraram, ele me ajudou. E depois me ajudou novamente em outra situação. — colocou o cigarro novamente na boca, ainda de bom humor. — Trocamos contato, eu o chamei para um encontro, trocamos algumas fotos e já nos beijamos, dormimos juntos… apenas dormir. Mas, principalmente… — baixou o tom de voz e inclinou seu corpo para perto do amigo — alinhamos nossos interesses. Esse é o que mais importa.
O cantor se afastou, com os olhos vidrados em seu flerte. Meio atordoado, ele percebeu a música alta se tornando um lago e ele afundasse nessa água. Olhou para o céu, a tontura tomando as rédeas. Os efeitos da abstinência estavam cada dia mais frequentes. Precisava voltar a trabalhar o mais rápido possível para se ocupar.
— Você não está apaixonado, certo? — questionou ao perceber as ações do amigo.
— Não mesmo. — Uma vez já era suficiente. Tanto para ele, quanto para Ling Shan.
— Shan, apenas tome cuidado. Você ainda não saiu do inferno. — ele segurou o braço do amigo — E ele é perigoso. Você sabe do que eles o chamam? Rei do Inferno. — o apelido fez com que o cantor subitamente tivesse um lapso de memória — Existem boatos horríveis envolvendo ele.
— Ele não é o seu chefe?
— São situações diferentes.
Bem, boatos sempre corriam por onde fossem e também muitos poderiam ser infundados. Ele sabia disso, mas esse em especial, haviam chances absolutas de ser verdadeiro. A tatuagem que cobre suas costas, já tinha visto ela na época que teve um relacionamento com Chun Hai.
Um caso ligado à mafia chinesa e de Taiwan. Uma mulher havia sido morta brutalmente após ser violentada por um grupo de taiwaneses. Essa mulher tinha uma posição elevada na organização chinesa e houve um conflito armado que durou cerca de três mese, deixando todos na cidade H em desespero.
No final, o líder da organização chinesa foi preso. Uma foto dele se espalhou por toda a imprensa, na qual mostravam a tatuagem cobrindo as costas desse homem. Jovem, por volta dos trinta e cinco anos. Não se lembrava exatamente do rosto, mas o desenho o marcou. Um dragão de olhos verdes.
— Dessa vez, sei o que estou fazendo. — respondeu com firmeza.
Se essa criança soubesse que Ling Shan não era Ling Shan certamente não tentaria lhe dar conselhos tão casualmente.
— Não é como se eu estivesse apaixonado por ele… mas, toda vez que nos aproximamos, sinto como se estivesse sendo atraído para ele. Como se fôssemos dois ímãs. Ele é o polo positivo e eu o negativo.
— Só não confunda tudo isso Shan. Uma vez foi suficiente para tudo isso.
— Eu quero ele. Não é amor, mas certamente eu o desejo.
Era estranho, levando em conta que se encontraram poucas vezes, estar interessado em outro homem. Parecia estar bêbado com esse tipo de aproximação.
Isso podia acontecer porque era algo novo e no meio da turbulência que se jogava para cima dele, Zhuo Yang pode ter sido o único feixe de luz que atravessou o buraco negro para acalnçá-lo. E, de certa forma, ele achava essa aproximação num momento bastante estratégico.
Estava tão confuso que poderia enlouquecer. Ele era um pragmático, bastante atento a cada sintoma atravessando seu corpo. Quanto mais raciocinava sobre isso, sua mente ficava turva. Mas, se havia algo bom era que ele sabia onde estava se metendo.
Ling Shan mordeu os lábios e riu, logo em seguida.
— Você quer ele na sua cama. — Zhou Ru zombou de bom humor. — Por Buda, Shan! Você realmente mudou!
— Fique quieto, porra! — ele deu um empurrão de leve no amigo.
— Ling Shan envergonhado, que espetáculo! Preciso guardar esse momento! — o modelo puxou o celular e começou a gravar um story para as redes sociais.
Em menos de dez minutos, o story atravessou a barreira do círculo social de Zhou Ru e devido, a recente notícia explosiva e entrevista de Ling Shan, a quantidade de comentários de apoio e haters foi absurdo!
É sempre estranho o fato de que as pessoas geralmente cuidam da vida de celebridades e esquecem de zelar pela sua própria, não se questionando sobre suas próprias atitudes tanto no virtual quanto no cotidiano.
Com uma tragada no cigarro, sentiu um toque em sua cintura. Zhou Ru ainda fazia uma gravação.
— Desse jeito sinto ser difícil ficar em público, Shan. — Zhuo Yang falou para que apenas ele pudesse escutá-lo, e o cantor sentiu um arrepio percorrer pelo corpo — Como vai Xiao Ru?
— É estranho ver meu chefe durante uma festa. — guardou o celular no bolso — Mais estranho vê-lo flertar com meu melhor amigo.
Zhuo Yang sorriu. Ele não estava com os óculos habituais então era possível enxergar muito bem seus olhos verdes, totalmente voltados para Ling Shan.
Zhou Ru arqueou a sobrancelha, desconfiado.
— Quem está flertando, A-Ru?
— Ling Shan tem razão, quem está flertando?
O par encarou Zhou Ru como se ele estivesse dizendo a coisa mais absurda.
— Vocês dois se merecem. — revirou os olhos.
— Xiao Ru disse que fazemos um belo casal, o que acha? — o mais velho perguntou a Ling Shan enquanto se dirigia para o bartender.
O cantor deu mais uma tragada no cigarro.
— A-Ru tem um ótimo olhar, não acha Yang ge? Você é um homem gostoso e eu, tão fofo! Isso não é a combinação perfeita?
— Tenho que concordar com você. — abraçou a cintura de Ling Shan e se aproximou, depositando um beijo na bochecha dele. — Posso te roubar um pouco?
— Claro. — Ling Shan sorriu de maneira sugestiva mas antes de seguir Zhuo Yang relatou para Zhou Ru que estava saindo.
— Use proteção, não se sabe quando podemos engravidar.
O cantor deu um tapa no ombro do amigo e seguiu Zhuo Yang para um canto mais discreto do jardim, onde a música não era tão alta e as luzes se tornaram um pouco mais suaves, deixando a escuridão se sobressair.
Ele foi guiado até a área gourmet da mansão, onde tudo estava deserto.
Ling Shan foi puxado para cima e sentado sobre a mesa, a cintura abraçada.
— Vim lhe entregar algo, mas antes disso… — ele encarou os lábios sedosos à sua frente.
O cantor sentiu um arrepio percorrer sua espinha e desfrutou desse olhar percebendo a intensidade dele. Seu coração bateu mais rápido quando decidiu se aproximar e roçou seus lábios nos dele. Ele queria muito isso.
Zhuo Yang fechou os olhos por alguns segundos, deixando que suas mãos ousadamente passassem para debaixo da camisa larga e florida de Ling Shan, que envolveu as pernas na cintura do empresário. O cantor estremeceu ao sentir que as mãos de Zhuo Yang estavam geladas e seus corpos pressionaram-se mais juntos.
Uma leve mordida nos lábios quase fez Ling Shan soltar um gemido e suas mãos, ansiosas deslizaram pelas costas de Zhuo Yang, cobrindo e percorrendo todos os músculos aos quais estava ansioso para tocar.
Botão por botão, sua camisa florida foi sendo aberta e deslizou pelos ombros, revelando a pele macia e quente. Traçando beijos ardentes pelo torso até o pescoço, seguindo pelo queixo encontrou os lábios de Ling Shan e os beijou com ternura. Não fazia sentido sua boca receber tanto carinho enquanto cada parte do seu corpo era apertado e massageado.
Com um movimento habilidoso, Ling Shan começou a se desfazer daquele traje militar, deixando à mostra o peito musculoso e definido desnudo. Se seus olhos não estivessem fechados, poderia enxergar o começo do desenho do dragão no limiar do ombro. Felizmente, ele notou que Zhuo Yang deu um breve sorriso enquanto o beijava, antes de aprofundar o beijo.
Ele se sentiu em êxtase quando teve o que queria.
— Yang ge…
Escutar seu nome saindo dessa forma o deixou surpreso. E em completo encanto.
— Yang ge…
Quando percebeu que poderiam ir longe demais, se afastou dando um selinho em seus lábios.
— Ei… vamos com calma aqui. — baixou o tom sem perceber — Não sou um fã de exibicionismo. — ele acariciou o rosto de Ling Shan com carinho e encostou suas testas — Respire com calma.
— Filho da puta! — ele xingou enquanto tentava se acalmar.
— Não se preocupe, — Zhuo Yang o olhou com aqueles olhos famintos — mais tarde vou abraçá-lo da forma que deseja, mas primeiro preciso lhe dar algo.
O empresário tirou do bolso da calça um par de fones de ouvido junto ao seu celular e entregou ao cantor.
— É isso? — ele colocou nos ouvidos.
— Escute. — desbloqueou o celular, caindo direto no reprodutor de áudio.
” Eu sei de muita merda que vocês já fizeram! Se me demitirem, vou contar para todo mundo!”
“Tente fazer alguma merda e farei você, junto com sua família se perderem! Aguente por algum tempo e encontrarei algo para você!”
“CHENG GE VOCÊ NÃO É CONFIÁVEL! VOCÊ PROMETEU QUE SE EU DORMISSE COM VOCÊ ALGUMAS VEZES, EU CONSEGUIRIA SUBIR NA MINHA CARREIRA DE ATOR!”
“CUMPRA OU AMANHÃ ESTARÁ EM TODOS OS TABLOIDES E SITES DE FOFOCA QUE FOI VOCÊ QUEM DROGAVA LING SHAN QUANDO ELE ESTAVA SÓBRIO E VENDIA O CORPO DELE PARA AQUELES VELHOS INÚTEIS!”
Ling Shan não estava surpreso, sua expressão, lembrou ao mais velho como se tivesse conformado com tudo que havia passado. Zhuo Yang sentiu uma pontada de raiva.
Alguém que já passou por tudo que ele passou, não deveria ter se conformado com isso. Se fosse ele, estaria com raiva de tudo, raiva das pessoas ao meu redor…
— Posso dizer o que você está pensando… é só que, para mim não faz sentido… não mais.
Era doloroso até mesmo para Lin Shan se envolver com toda essa merda, tanto que, durante todo o dia, pensou se deveria ir em frente e se vingar. Essas lembranças sempre o atacavam, como uma espada no coração fazendo-lhe tremer e transpirar, perdia o ar e sentia que iria morrer a qualquer momento.
Estava com medo de situações e sentimentos que não eram dele.
— Posso perder minha carreira se eu continuar com isso.
— E vai perder a si mesmo se manter isso. Você vai se lembrar de tudo isso, todos os dias. Enquanto isso, ele vai estar sorrindo e vivendo bem.
Isso não era apenas Ling Shan, mas por ele também. Não podia deixá-lo desistir nesse momento. Travou o maxilar com raiva, como se fosse uma criança.
Ling Shan levou a mão até seu queixo e com suavidade, redirecionou seu olhar para ele.
— Não vou desistir, mas prometa que estará lá por mim quando eu cair.
As pupilas dentro das írises verdes se dilataram.
Com um sorriso singelo e gracioso, Ling Shan continuou:
— Estou lhe entregando meu futuro, então me use como desejar.