24. Atraindo uma borboleta (I)
Um táxi parou em frente a fachada do cassino. O brilho das letras em neón refletiam-se nas latarias dos carros, colorindo-os com tons em vermelho e azul ciano. Estava muito movimentado, apesar de ser um domingo à noite e também, havia uma infinidade de seguranças cercando o perímetro.
Depois de pagarem a corrida, um casal saiu do táxi.
O homem estava vestido com traje social escuro e seus cabelos desconectados, ele segurava o braço de sua companheira. A mulher, cujos cabelos longos e pretos cobriam até seu quadril, trajava-se com um vestido comprido de gola alta e elegante, onde uma fenda na perna direita lhe garantia uma sensualidade em conjunto com o salto alto.
Contudo, havia algo estranho nessa mulher. Seus seios eram retos como uma tábua! Não havia volume algum! Ultrajante! Ainda assim, devido à sua altura ela chamava atenção e muitos olhos invejavam o homem ao seu lado. Felizmente, ao notarem, pelo menos a parte traseira era adequada e adequada.
— Xiao Ru, a calcinha está me incomodando. — a mulher sussurrou para o seu companheiro.
— Aguente por um momento, A-Shan! A culpa é sua!
— Nunca mais concordo com suas ideias!
Oh, também parecia um casal sorridente, feliz e apaixonado! Vejam só como susurravam um para o outro! Era uma felicidade invejável!
— Eu vou matá-lo Zhou Ru.
— Não antes de mim, por que me fez usar uma calcinha também? E por que, uma calcinha amarela!? — Zhou Ru estava indignado — Por que não uma preta rendada?
— Amigos devem passar tribulações juntos! — segurou com mais força o braço de Zhou Ru.
Zhou Ru tinha um desejo profundo em bater em Ling Shan com toda força que existia em seu braço, mas ele suportou. Suportou porque desejava ajudar seu amigo, embora achasse ser uma ideia idiota e arriscada vir a um lugar como esse.
Ling Shan havia lhe explicado que iria até ali para encontrar um homem. Alguém, que junto com Cheng Yin, havia lhe causado mal. Dito isso, ele não hesitou em fornecer mão de obra qualificado para espionagem e busca. E eles foram para o cassino. O cassino do porto.
O cassino do porto da cidade H era muito conhecido por estar ligado ao mundo do crime e também, à Zhuo Yang, como seu dono. Não era apenas um local de lazer, mas de transações perigosas e havia rumores de tráfico humano. Ele se arrepiava por completo quando escutava sobre isso.
Mas, não podia negar a verdade. Era um lugar luxuoso que todo homem ou mulher que tivesse apreço pelas apostas gostaria de estar. Os móveis eram requintados, o ambiente com iluminação indireta, a vestimenta dos funcionários, do mais pífio tapete até os brincos de uma mulher milionária, qualquer peça era maior que o salário de um ano inteiro de uma pessoa comum.
Eles compraram algumas fichas na entrada e depois Ling Shan o puxou para uma mesa de pôquer com os olhos brilhantes. Zhuo Ru começou a ficar tonto quando viu o amigo jogando. Ele não entendia absolutamente nada sobre qualquer tipo de jogos de cartas e também desconhecia esse lado de Ling Shan. Mas, ele parecia muito feliz enquanto jogava e arrancava milhares em dólares daquelas pessoas e saiu desfilando como se o chão fosse sua passarela.
Na verdade, quando ele era Lin Shan, havia um campeonato de pôquer na faculdade ao qual ele venceu por seis anos seguidos e, em quatro desses, conseguiu chegar ao campeonato nacional, vencendo por três anos seguidos. Sua única diversão na universidade era essa, era onde ele conseguia arrancar dinheiro daqueles ricos mimados para pagar as apostilas, cópias de atividades e arcar com as despesas que tinha. Não era muito dinheiro que conseguia, mas foi o suficiente para cobrir as despesas sem depender da mãe.
— Este lugar continua incrível. — o cantor olhou o ambiente, bastante deslumbrado, como se fosse a primeira vez dele aqui e pelo que sabia, Zhuo Ru entendia que o amigo viera mais vezes do que pensava.
— Esse lugar é perigoso, Shan.
Batendo a mão no ombro do colega, Ling Shan se solidarizou com a situação.
— Não seja bonzinho. Você sabe que é melhor desligar esse seu bom senso por algumas horas…
Zhou Ru revirou os olhos e voaram para outra mesa, desta vez, era um jogo de roleta. Esse provavelmente era o único jogo que ele era capaz de entender naquele lugar. Veja bem, tratava-se puramente de sorte e obviamente existiam algumas probabilidades, embora a maior parte dos resultados fosse, de alguma maneira, manipulada. E praticamente, todas as vantagens estão para a casa. Apenas alguém muito proficiente seria capaz de vencer repetidamente.
Na roda, há 36 números e um zero e, em algumas roletas americanas, existe a presença de dois zeros. Ao lado, sempre estará um mapa numérico, mostrando todos os tipos de apostas. O crupiê lança uma bolinha branca ou um par de dados na roleta, que estará girando. Depois é necessário rezar para os deuses para que você possa vencer. E enquanto isso, as apostas vão sendo colocadas na mesa.
Além de apostar em números, há outros tipos de apostas na mesa. É possível apostar na primeira, segunda ou terceira dezena, cores, par ou ímpar ou meio a meio, apostar em uma rua (fileira de três números) e estas, divididas em apostas internas e externas. As apostas internas(aquelas feitas dentro do mapa), eram aquelas de maior valor, podendo chegar até mil dólares de apostas, enquanto as externas(feitas fora do mapa) poderiam ir até os cem dólares.
Ah! Embora fácil, Zhou Ru precisava de colocar todos os seus neurônios para funcionar. Deve-se dizer que ele não era muito inteligente, sabia que seu QI era um pouco abaixo da média e aceitou isso desde muito cedo e depois que se casou, deixou todas as coisas inteligentes para seu marido.
E, diferente de outros jogos do cassino, na roleta, cada participante recebe uma ficha de cor diferente. Então você dá a ficha ao crupiê, que ficará responsável por organizar as apostas de acordo com o que o jogador preferir.
Para melhorar as chances de ganhar, é possível observar o crupiê. Pessoas têm hábitos e esses funcionários espertos são humanos. Jogar a bolinha ou os dados, a velocidade em que ele joga, posição ou simplesmente se tornar um viciado e ficar à mesa vinte e quatro horas diárias.
O pobre modelo com deficiência de QI, que havia jogado somente algumas vezes numa roda de amigos, ficou ligeiramente tonto com aquele jogo real em sua frente.
O crupiê estava finalizando a rodada de apostas quando Ling Shan se sentou num lugar vago para tentar uma aposta. Zhuo Ru, ficou atrás dele, com as mãos sobre os ombros.
A mesa da roleta era tão luxuosa quanto qualquer outra coisa naquele lugar. A madeira era pintada de preto e a roleta, feita de metal e banhada pela cor dourada, guardava em sua cuba, números em preto e vermelho. Os dados rolavam nas mãos do crupiê, cobertas por um par de luvas pretas, que deu uma segunda olhada em Ling Shan.
— Preto Ímpar. — empurrou suas fichas sobre a mesa, também deixando um olhar indiscreto para o homem à sua frente — Boa noite, rapazes. — cumprimentou também aqueles na mesa.
Os olhos de Zhou Ru arregalaram-se por um instante. A voz de Ling Shan caiu em seus ouvidos como uma pluma suave e tão feminina que lhe dava enjoos e arrepios. Apertou ligeiramente os ombros do amigo.
Todos olhavam para Ling Shan, como um predador vendo sua comida preferida. Após alguns segundos de contemplação, o crupiê coçou a garganta, trazendo todos à realidade.
— Sem mais apostas.
Ele jogou o par de dados. A aposta valeria para aquele dado em que caísse o maior número e todos retiraram seus olhos de Ling Shan. Entre uma aposta e uma mulher bonita, aqueles velhotes que não erguiam o pau sem um estimulante sexual, preferiam a emoção de uma aposta. De repente, todos ficaram quietos na mesa. Os homens seguraram na borda da mesa ansiosos.
Assim que os dados pararam, gritos altos e suspiros decepcionados transformou a atmosfera ansiosa. A “única mulher” à mesa abriu um sorriso vitorioso, bastante malicioso.
— Sorte de principiante.
Mal sabiam aqueles velhotes que aquela moça, arrancaria alguns milhares de dólares de cada bolso dele.
Meia hora depois, Ling Shan saiu de braços dados com o melhor amigo, acenando para os idosos animados por aquela dama ter saído. Quer dizer, era ótimo ver uma mulher tão habilidosa e bonita, uma pena que ela era tão reta!
Noutra mesa, o cantor soltou um espirro enquanto se preparava para um jogo de blackjack — ou vinte e um — onde ele também faria sua reputação. Esse jogo Zhou Ru era capaz de jogar, o seu QI deficiente também era capaz de entender!!
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Mais tarde, naquela mesma noite, Ling Shan foi convidado por um dos integrantes da mesa de blackjack para um quarto privado. Obviamente o convite se estendeu a seu acompanhante, visto que ele também chamava atenção pela elegância e beleza.
O convite partiu de um diretor de cinema cujo nome era muito conhecido em Huaxia, Ling Shan já o conhecia quando há dois anos, ele foi diretor do videoclipe do seu último álbum. Ele aproveitou que o conhecia para se aproximar e o Sr. Qi não o decepcionou. Além disso, a presença de Zhou Ru, conhecido internacionalmente ajudou em tal convite.
Ling Shan, Zhou Ru e Qi Mu conversaram sobre vários assuntos enquanto foram guiados para a sala privada. O Sr. Qi estava animado em quanto essa bela mulher era inteligente!
Ling Shan sabia que poderia ser perigoso entrar numa dessas salas privadas e não era apenas ele, mas Zhou Ru estava quase tendo um taquicardia de tão nervoso que estava. O spray de pimenta no seu bolso direito estava preparado para a qualquer momento e até mesmo o canivete colocado estrategicamente na canela. Ainda bem que havia feito aulas de defesa pessoal!
Depois de passarem por um corredor repleto por seguranças, no terceiro andar, finalmente chegaram àquele fatídico lugar. A porta de madeira maçica se abriu, revelando um ambiente parecido com as lembranças do original. Um transmissor de todo tipo de merda fodida que poderia existir.
A sala estava cheia. Homens de ternos, em idades avançadas e mulheres seminuas com fantasias sexualizadas. Ling Shan, em primeira impressão, reconhecia um ator famoso de meia idade da empresa de Zhuo Entretenimento, dois empresários do ramo de construção, um homem no canto obscurecido da sala e quando Ling Shan olhou para o outro lado, ele quase deu um salto, assustado.
Porra! Era o próprio Zhuo Yang em pessoa.
Caralho! Ele queria voltar agora! Seria estranho se, de repente, uma dor de barriga o acometesse? Ah! Ele queria ter uma! Como queria! Se ele estava ansioso antes, isso agora o deixou completamente numa êxtase de ansiedade! Seu coração batia tão forte!
Eles se entreolharam por um segundo e o mais velho, reconhecendo-o quase de imediato, mas ele fingiu que nunca tinha visto aquela mulher em toda sua vida maldita. Bem, mas era impossível não saber sobre Zhou Ru, afinal era um dos seus agenciados mais rentáveis. Então ele apenas colaborou com a atuação.
— Zhou Ru! Há quanto tempo! — ele soltou o cigarro no cinzeiro e recostou no sofá.
Nessa noite, ele usava somente uma camisa social branca, calças pretas e sapatos da mesma cor. A camisa social estava aberta até o terceiro botão mostrando um pedaço de sua pele. Ele parecia um tanto relaxado, mas tudo o que rodava na mente de Ling Shan era o quão perdidamente gostoso ele estava naquelas roupas. Não tinha o que dizer! Maldição! Como alguém poderia exalar tanto sex appeal apenas estando sentado e olhando para você com os olhos semicerrados!
Ling Shan caminhou quase mecanicamente para se sentar no sofá, no lugar mais próximo da porta. Ele tropeçou no próprio vestido, arrancando algumas risadas daqueles presentes.
— Chefe Zhuo. — sorriu.
— Este é um dos meus, vocês devem conhecê-lo. — Zhuo Yang começou a apresentá-lo — Zhou Ru. Ele é um dos meus melhores modelos.
— O chefe pensa muito de mim. Apenas faço o que posso.
— Não seja tão modesto, Xiao Ru. — o ator de meia idade animou-se — Conheço seu trabalho, minha filha é sua fã. Você é um excelente modelo, tem boas proporções, um belo corpo e sua nota de rosto é excelente. Tem tudo para ganhar todo o mundo!
— Fico lisonjeado Senhor Mu.
Zhao Ru continuou a manter um sorriso falso. Havia algo em suas palavras que o deixaram ansioso. E aquela rodada de elogios e conversas superficiais e chatas continuou até que alguém perdesse a paciência e mudasse de assunto. já havia mais de vinte minutos, afinal.
— Com todo respeito a sua prima Sr. Zhou, me pergunto a que honra devo a uma beldade tão grande em meu estabelecimento?
Aquele barítono rouco adentrou seus ouvidos.
— Esta é minha prima, gosta muito de jogos. Então a trouxe até aqui, devo trazê-la no melhor lugar.
— Senhor Zhou tem uma prima muito bonita e especial. Acredite Chefe Zhuo, quando dizem que a intuição feminina é certeira! A senhorita levou todo nosso dinheiro na roleta.
Uma corrente de risadas suaves e leves, escondendo seus desejos, alastrou-se pelo ambiente. Zhuo Yang também deu um sorriso discreto olhando intensamente para Ling Shan.
— Apenas tive sorte. — Ling Shan sorriu e ao sentir os olhos daquele lobo faminto sobre seu corpo, foi incapaz de manter a linha de visão, precisou abaixar a cabeça, escondendo-se.
— Sorte também é uma habilidade. — cruzou as pernas — Conheço uma pessoa muito sortuda também. Faz pouco tempo que não vejo e já sinto saudades de tudo nela. — olhou de cima em baixo.
— Deve ser uma pessoa de sorte, Chefe Zhuo. — um dos velhotes cujo nome Ling Shan mal se lembrava ergueu a voz.
Era um homem na cada dos cinquenta anos, mas com aparência mais jovial e se passaria por alguém no início dos quarenta, parecia uma pessoa discreta pois sentava-se no canto da sala e até aquele momento Ling Shan não o havia visto. Seus cabelos grisalhos foram penteados para trás e ele vestia um terno social azul claro, mas não usava o blazer e sua gravata foi afrouxada. Estava relaxado no sofá com um copo contendo um líquido azulado dentro dele. Provavelmente, tratava-se de algum gin.
— Alguém capaz de chamar-lhe a atenção assim… seria aquele cantor? — ele lançou uma expressão estranha para Ling Shan, que o deu uma sensação estranha de receio, antes de voltar-se para Zhuo Yang — Ling Shan?
Um arrepio assustador percorreu pela espinha de Ling Shan e ele se encolheu brevemente, jogando o corpo para perto de Zhou Ru. O amigo percebeu o desconforto, assim como a pessoa a sua frente, que segundos depois respondeu o homem:
— Mister Zack, — iniciou num inglês britânico fluente — ele é apenas um passatempo. Não brinque com isso… como eu poderia me interessar tanto?
Albert Zack Bertram, era um concertino renomado na Europa da orquestra em Viena. Por muitos anos, foi considerado o rei do violino moderno deste mundo até recentemente. Um jovem violonista de vinte e três alcançou seu auge no último verão europeu, abalando a indústria da música clássica e, ao ser comparado com Zack Bertram, foi colocado acima dele.
Obviamente, houve um descontentamento por parte deste homem orgulhoso e, embora sempre que o perguntassem respondesse que o mundo era da geração mais jovem, apenas Bertram sabia o quão ressentido estava. Obviamente, o posto de rei do violino estava sendo questionado por críticos da música e até mesmo seus antigos companheiros.
Na manhã que recebera esta notícia, Bertram precisou renovar a mobília de sua casa. E então, alguns dias depois, ele desceu na cidade H e contatou Zhuo Yang, recebendo um enorme não em sua face. O homem que falavam ser o Rei do Inferno recusou sua oferta por ter recebido mais dinheiro para proteger aquele jovem violinista.
Sua ira aumentou, então ele foi procurar outra pessoa. Dizia-se, no submundo, que haveria alguém capaz de rivalizar com este diabo. Ling Zhan. Mas, o que Bertram não esperava era que esse velho peido tivesse tanto medo de pisar na europa!
Foi assim que conheceu a pessoa travestida em sua frente, ou melhor, seu empresário. Cheng Yin. O homem meio inglês e meio chinês, o apresentou a Ling Shan que o fez imediatamente se encantar por ele. Tal criatura excêntrica de cabelos rosados de aparência fria e distante, dois dias depois movia-se acima dele, montando-o com habilidade. O dinheiro que pagou para isso, para ele, foi um investimento bem gasto. E o violinista também desapareceu, depois de ter suas mãos e dedos quebrados num assalto, o que, misteriosamente levou uma amputação de sua habilidosa canhota.
Foi uma troca, mas sentia falta do cavalheiro que o montou tão bem. E agora, que tipo de jogo esse jovem estava jogando? Trajado como uma dama no meio de tantos abutres? Aliás, ele admitia ser um.
— É verdade, um libertino… um monstro como você seria incapaz de apreciar um toque romântico.
O nome deste homem saindo daqueles lábios que o beijavam tão bem, evocou um sentimento ruim no cantor e uma sensação de familiaridade que não gostava. Sentiu-se mal, um enjoo subindo por sua garganta.
Era ele.
— Mas, não vamos falar sobre isso na frente de uma dama, Mr. Zack. — um dos cantos de seus lábios subiu e deslizou seus olhos sobre os outros, que já se levantavam com as acompanhantes, para encontrar um lugar melhor para aliviar seus prazeres.
— Chefe Zhuo é realmente um cavalheiro. — sorriu forçadamente.
Não era apenas a presença de tal homem, mas as palavras de Zhuo Yang lhe caíram tão frias quanto as águas congeladas do Rio C no inverno. Havia um descontentamento e depressão em seus olhos percebidas pelo outro, que naquele momento, ignorou completamente seus sentimentos.
— Se me derem licença, preciso usar o toalete.
Assim que o cantor saiu da sala, Zhou Ru também se despediu dando-lhe uma desculpa de acompanhá-lo. Mas, antes de sair, deixou um olhar irritado e mortal para Zhuo Yang.
— O rapaz não pareceu gostar da maneira que olhou para a sua prima, Chefe Zhuo. — Zack Bertram parecia se divertir com tal situação.
— Não será o primeiro e nem o último Mr. Zack. — usou o mesmo tom e olhou para o relógio — Também preciso me ausentar, há algo que preciso fazer. Sinta-se a vontade para tomar uma de nossas acompanhantes.
— É sempre um prazer vir ao Lótus, Zhuo Yang.
O sorriso e o bom humor desapareceu do rosto de Zhuo Yang assim que ele atravessou a porta. Seu mau humor era evidente enquanto ele passava por seus funcionários. Os seguranças, discretamente contaram seus outros colegas, avisando que seria uma noite complicada pois o chefe estava de mau humor.
O empresário apressou os passos atrás de Ling Shan, o encontrando entrar no banheiro e atrás dele, Zhou Ru se preparava para entrar também quando foi impedido pelo segurança na porta. Assim que foi questionar, ele viu o homem de olhos verdes, passar em sua frente e fechar a porta em sua cara.
Zhou Ru olhou para o segurança com descrença.
O segurança: “Ele é o chefe. E está com raiva.”
O modelo bufou com raiva e se conformou com a resposta do outro, encostando-se na parede fazendo beicinho.
O segurança careca achou excelente essa atitude desse jovem rapaz.Da última vez que viu seu chefe com essa expressão, um homem foi conhecer o verdadeiro submundo. Naquela época, viu o porquê chamavam esse homem de demônio. A tatuagem em suas costas afirmava o que ele era, quem ele era e sua reputação. Alguém que poderia puxar um dragão dos céus e levá-los para o túmulo.
Dentro do banheiro, Ling Shan colocou a bolsa de mão na pia quando ouviu a porta ser trancada.
— O que está fazendo aqui? — perguntou indiferente à Zhuo Yang.
— Minha pergunta é a mesma. — sentou-se na beirada da pia, próximo ao cantor, com os braços cruzados.
Eles se encaravam, observando cada detalhe do rosto um do outro, buscando uma micro expressão que lhe desse uma resposta concreta. Um desafio que propuseram um ao outro e quem tomasse a iniciativa de desviar, mesmo que por um mísero milímetro, pereceria diante do outro. Dois orgulhosos como eles não desejavam deslizar sobre a derrota. Não um para o outro.
Até que Zhuo Yang quebrou o silêncio quase soletrando as palavras, ainda não se desviando.
— Por que está com raiva?
A respiração de Ling Shan estava pesada quando ele desistiu de manter seu olhar. Ele fechou os olhos por um instante e os abriu novamente, somente depois que sentiu se acalmar um pouco.
— Não estou com raiva. Você está.
— Não estou.
— Eu também não.
Zhuo Yang: “…’
Ling Shan: “…”
— Então, por que saiu desse jeito?
— Já disse que não estou chateado ou com raiva.
O mais velho bufou, impaciente.
— Foi o que eu disse?
O cantor ficou calado e desviou o olhar para o outro lado.
— Você sabe que…
— Vá se foder, Yang-ge! Eu sei. — Ling Shan o interrompeu — Eu sei, mas ainda dói ter que ouvir.
A voz dele estava trêmula e o empresário pensou ter visto seus ombros tremerem levemente. Uma pontada de angústia tomou conta de seu peito ao ouvir as palavras de Ling Shan. Algo que entendia parcialmente, mas sinceramente, desgostava desse rumo. Por enquanto, deixaria isso de lado.
— Albert Zack Bertram. Qual sua história com ele?
Depois de algum tempo, o cantor respirou fundo e virou-se para ele, com o canto dos olhos num tom avermelhado.
— Há algum tempo, não lembro exatamente os detalhes, Cheng Yin me vendeu para esse homem algumas vezes. — cada palavra que saía de sua boca, era como uma faca cortando seu corpo de dentro para fora, além da vergonha que sentia. Memórias do original e sentimentos que vinham transbordando e sufocando-o. — Seu tratamento especial, como ele chamava as sessões de espancamento, me deixavam inconscientes depois do sexo. Ele era um dos homens que estavam comigo na noite em que sofri uma overdose. Um mês antes do meu aniversário…
Ele foi incapaz de carregar aqueles sentimentos e desabou. As gotículas de água, desceram uma a uma. Não conseguiu se conter, era dolorosos demais para ficar escondido no peito.
Zhuo Yang franziu as sobrancelhas. Isso era algo que não sabia. Entretanto, a angústia que sentia transformou-se noutra coisa que acabou por fomentar aquela raiva que sentia. Sua mão tremeu e o esverdeado de suas pupilas tomou algumas notas mais frias. Ele se aproximou do cantor, abraçando-o com força.
— Devia ter me avisado que viria, teria lhe ajudado.
— Não tente me culpar. — relaxou nos braços do outro.
— Nunca faria isso, Ling Shan. — naquele momento, o jovem cantor não sentiu, mas um toque quente e gentil pousou sobre o topo de sua cabeça e algumas palavras, tão mais baixas quanto um sussurro — Não com você…
Embora suas palavras fossem gentis, a expressão no seu rosto dizia o contrário. Nos próximos dias, os jornais em todo o mundo, mostravam a tragédia que havia cometido ao rei do violino moderno.
Raramente, tendo um acesso de paciência, Zhuo Yang esperou que a pessoa em seus braços se acalmasse. Suas mãos subiam e desciam pelas costas do outro, em silêncio, enquanto Ling Shan agarrava-se cada vez mais a ele. Uma ação ao qual esse homem raivoso sem perceber agradou-se disso.
— Não lhe disse ainda, mas você está deslumbrante.
— Elogiar não vai ajudar em nada… — se afastou um pouco, mas ainda não se soltando aquele abraço.
Ling Shan olhou para cima, ainda com os olhos úmidos. Uma visão que fez o outro engolir a seco. Ainda parecia bem recente aquela visão única que teve desse rapaz completamente entregue à ele.
— Você… — ele parecia incerto — esquece… não é importante.
Zhuo Yang o olhou por um momento antes de desistir.
— Use-me como quiser, farei o que desejar que eu faça. — o verde em suas pupilas estava mais escuro.
Por um instante, o cantor achou que haviam camadas muito mais profundas do que era possível notar. Baixou sua linha de visão para os lábios do mais velho. No entanto, no segundo seguinte, houve uma quebra de expectativa.
— Nós temos um acordo. Precisamos confiar um no outro.
Finalmente, depois disso ele tentou se afastar, mas foi puxado e seus lábios atacados por um lobo faminto. As patas desse lobo eram atrevidas, entrando por dentro da fenda do vestido enquanto a outra o segurava pela cintura para que não escapasse. Assim que sua presa abriu os lábios, ele atravessou o caminho para aquela boca deliciosa com a própria língua e somente soltou aquela presa depois de brincar até deixá-lo sem fôlego e sua roupa toda bagunçada.
Ling Shan escorou na parede, meio tonto.
— Passe em meu escritório amanhã.
— Não posso. Vou me encontrar com Cheng Yin. Ele está dificultando a quebra do contrato.
O empresário arqueou a sobrancelha esquerda e perguntou com ironia:
— Ia me contar?
— Não achei necessário.
— Amanhã estarei lá no primeiro horário.
E antes que pudesse recitar qualquer objeção, Ling Shan foi pressionado contra a parede, sentindo algo duro cutucar seu abdômen. Quinze minutos depois ainda havia suspiros ecoando pelas paredes do banheiro.
E, conforme havia dito, às sete da manhã um Bentley Batur prateado estacionou na sede da L.S. Entretenimento. Dois homens saíram do carro. Um deles, usava um conjunto italiano limitado, preto simples, com um conjunto de brincos de diamantes negros na orelha e também uma abotoadura dourada. O outro homem saiu reclamando com o seu clássico terno marrom e gravata vermelha que ressaltava sua beleza em seu ápice. Ele bocejou.
— Irmão mais velho, porque me acordou tão cedo para vir à concorrência?
Sem emoção e indiferente, Zhuo Yang se virou para o irmão mais novo:
— Eu não queria dirigir. — e caminhou para a entrada, deixando um Zhuo Fan irritado.
— Yang-ge! Espero que você fique impotente!